Terças - das 21 às 23h com Valdemar Engroff e Luigi Cerbaro
Sábados - 8h30 às 10h30min com Valdemar Engroff

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Momento da Cultura Regional 6! O maior evento gauchesco do mundo!

Terminado mais um Rodeio Internacional da Vacaria podemos concluir que a 30ª edição reafirmou a condição de "Maior Evento Gauchesco do Mundo" pois, outras grandes festividades do gênero, mesmo no Uruguai e na Argentina não tem o volume e a variedade de atrativos e competições artísticas e campeiras, como o de Vacaria.

Por estar trabalhando na avaliação de Declamadores Masculinos, onde ouvi mais de 150 recitadores, não tive muito tempo de valde para analisar outras categorias, mas sempre que pude dei uma volteada por lá. Embora recebendo convites de vários amigos, os quais agradeço, só não fui na área de acampamento, que sempre foi grande mas, agora, aumentou em 40%.

Cavalgadas com destino ao rodeio, foram mais de 30. Houve, inclusive, um campeonato de laço só para quem fez cavalgadas. Os laçadores dos Cavaleiros da Paz, que foi comandado pelo cantor Elton Saldanha logrou-se vencedor.

Em relação a parte campeira, onde, como já disse, pouco compareci, notei uma coisa: O tiro de laço realmente não é um atrativo para o grande público. Sempre que por lá estive, nas horas dos laçadores, as arquibancadas estavam praticamente vazias. É uma modalidade que envolve mais os próprios concorrentes e alguns familiares. Ao contrário, as domas são motivos de lotar as arquibancadas.

Deve-se reconhecer, entretanto, que o tiro de laço é o que sustenta qualquer rodeio e, em se tratando de laçadores, Vacaria bate verdadeiros recordes de inscrições. Na canha da ferradura, bem iluminada eles adentram a noite jogando cordas.
Nestas modalidades campeiras de doma e de laço as comissões enfrentaram alguns senões que foram da exclusão de laçadores por mau tratos aos animais até divisões de prêmios na doma devido a protestos de ginetes, fato que não agradou aos assistentes, inclusive sendo motivo de vaias. Até a justiça vacariana foi acionada para resolver algumas pendengas.

Quando digo que Vacaria realiza a maior festividade gauchesca do mundo é porque acoberta todos os gêneros, que vão do campeirismo ao artístico passando, por aí, a realização de um grande festival: Cante Uma Canção Em Vacaria, que nesta edição teve como vencedor uma canção de autoria de Dionísio Costa e Rico Basquera e que presta uma homenagem ao saudoso José Mendes, ao completar 40 anos de sua morte. Tive a honra de, num universo de mais de trezentas concorrentes, também ficar entre as seis primeiras classificadas, fato que agradeço ao Volnei Gomes e grupo por tão prestimosa ajuda.

Em relação aos espetáculos, foi um melhor do que o outro. Não assisti a todos, mas dos que vi destaco o grande show de Pedro Ortaça. Pude reparar que, ao lado de Gildinho dos Monarcas, este missioneiro é um dos artistas mais cativantes do Rio Grande pois sempre que o telão focava em Gildinho, o público ovacionava. Na apresentação de Pedro Ortaça, faltou espaço para a gente se mexer naquele imenso auditório ao ar livre, bem como pelas ruas laterais. Me falaram que o show de Cesar Oliveira, Rogério Melo e Joca martins, foi da mesma estirpe.

Na parte artística, a organização esteve muito boa. Como citei lá por riba, fui avaliador, ao lado da Silvana Giovanini e do Wilson Araújo, da Declamação Masculina, com mais de 150 concorrentes. Nunca ouvi tanta poesia em minha vida. Por isso, reafirmo que o Rio Grande do Sul é o Estado mais poético da federação. E o mesmo aconteceu em trova, pajada, chula, gaita, invernadas... Comida boa, pouso excelente, pagamento em dinheiro aos avaliadores e premiados, enfim, uma senhora festa gaúcha.

Como diria aquele apresentador que todos tem saudade "até 2016, gaúchos e gaúchas de todas as querências".


Fonte! Chasque de fundamento de autoria de Léo Ribeiro de Souza, publicado no seu sítio Blog do Léo Ribeiro. Abra as porteiras clicando em www.blogdoleioribeiro.blogspot.com
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Abordamos este tema no programa Gritos do Quero Quero do dia 15 de fevereiro de 2014, no "Momento da Cultura REgional". 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Momento da Cultura Regional 5! A Arte Declamatória no Rio Grande do Sul

Penso que esta seja a segunda vez que faço uma postagem com este mesmo título no blog. Na outra oportunidade fizemos um trabalho de pesquisa onde buscamos as origens da poesia regionalista, entidades poéticas, e um rol de mais de cem declamadores que se destacam. Hoje, vamos envolver mais a emoção oriunda do 30º Rodeio Internacional de Vacaria.
Durante três dias Liliana Cardoso Duarte, Silvana Giovanini, Silvana Andrade, Luis Afonso Ovalhe Torres, Wilson Araujo e Léo Ribeiro, acompanhados pelos músicos Volmir Dutra e Adão Quevedo, avaliaram mais de trezentos dos melhores declamadores do Estado.
Devo confessar que sai das Vacarias dos Pinhais impressionado, não só pelo número de inscritos num meio de semana (quarta, quinta e sexta), mas também pela qualidade dos concorrentes. É um melhor do que o outro. Isto tudo me leva a concluir que vivemos no Estado mais poético deste País. Se eu estiver enganado, que algum leitor de outra querência desta pátria verde-amarela me mostre o contrário.
Mas são tantos festivais, rodeios, entidades literárias, edições de livros, poetas, poetisas, declamadores, declamadoras, enfim, que me levam a fazer esta afirmativa: a de que vivemos no Estado mais ligado a poesia de todo o Brasil. Isto vem do apego a terra, àstradições, ao lirismo, a história deste Rio Grande velho.
Nestes três prazerosos dias lá pela Porteira do Rio Grande, convivendo e aprendendo muito com meus parceiros de júri, a simpática, campeoníssima, mestre em recitar um verso, Silvana Giovanini, bem como o não menos premiado, da velha cepa bugra da declamação, Wilson Araújo, hoje entre os quatro melhores destas plagas sulinas, pude analisar, além de todos os quesitos recomendados pelo MTG, quais os poetas mais lembrados pelos concorrentes.
Sim, porque além de nos brindar com lindas interpretações, o declamador também serve de garganta do poeta. É através do declamador que o verso sai dos livros para levar aos sete ventos a mensagem de seu criador, de seu vate.
Na categoria mirim, continua ainda em evidência o saudoso Dimas Costa.
Entre os juvenis e adultos, os poetas mais recitados foram Carlos Omar Vilella Gomes, Antônio Augusto Ferreira, Eron Vaz Matos, Guilherme Colares, Vaine Darde, Lauro Antônio Corrêa Simões e Colmar Duarte.
Nos mais veteranos, na categoria "Xiru", são muitos lembrados Apparício Silva Rillo e Jayme Caetano Braun.
Em princípio fiquei me perguntando como é que Rodrigo Bauer, que para o meu gosto (e o de muita gente), é um dos melhores poetas do Rio Grande, quase não é recitado?
A resposta é simples.
Os concorrentes buscam poemas longos, quase uns compêndios, para sua apresentação. Não se escuta mais um soneto, um poema curto, mesmo que de fundamento.
Rodrigo Bauer, que na maioria de seus escritos diz tudo em poucas palavras, incrivelmente não serve para concursos.
Mas isto é tema para uma outra postagem... O que realmente importa, neste momento, é agradecer por vivenciar tão importante momento que reafirmou, através da declamação, o valor da poesia gaúcha.
Para não estender-me demais finalizo dizendo que desci a serra de alma lavada e com mais vontade de trabalhar pelo poema regionalista de nosso Estado. Contem comigo, poetas, amadrinhadores e declamadores deste pago único em se tratando desta arte tão bela. 

Fonte! Este é a opinião embasada com  fortes argumentos por quem entende da arte: Léo Ribeiro de Souza, publicado no sítio Blog do Léo Ribeiro. Abra as porteiras clicando em www.blogdoleoribeiro.blogspot.com. Crédito do retrato: http://galpaodapoesiacrioula.blogspot.com.br/. 

Chasque utilizado no programa Gritos do Quero Quero do dia 15 de fevereiro, no "Momento da Cultura Regional".

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Especiais Acácia com Nando Reis dia 14 de fevereiro

Locução, produção e apresentação, pelo âncora Sérgio Pires

Sintonize também na Internet. Abra as porteiras: www.acaciafm.com.br. 

Fonte da arte! Sérgio Pires.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Momento da Cultura Regional 4! - O Último dos Tropeiros - Rota Viamão - Sorocaba

Aos 100 anos de idade, Otávio dos Reis lembra com detalhes dos tempos em que percorria a tradicional rota Viamão-Sorocaba.
Ainda menino, Otávio dos Reis se encantou com o mundo tropeiro. A fazenda onde morava em Porto Amazonas, nos Campos Gerais, servia como pouso de tropas. Ver todos aqueles homens tomando chimarrão e conversando ao redor de mulas e cavalos mexia com a imaginação de Otávio.

A vontade era tanta que um tropeiro chamado Aparício tentou convencer o pai, Olímpio, a permitir que o garoto seguisse estrada afora. Mas ele era “muito menino” para isso. Aborrecido, Otávio pensou que seu sonho jamais se tornaria realidade. O desânimo foi tanto que seu pai chamou o tropeiro Afonso Antônio Ferreira, casado com uma das irmãs de Otávio, para conversar e permitiu que o filho viajasse com as tropas. Com apenas 14 anos, em 1928, ele deu os primeiros passos em um mundo tomado por muares (mulas), chimarrão, poncho e chapéu.

Hoje, centenário, Otávio é um dos últimos tropeiros vivos que percorreu a tradicional rota entre Viamão, no Rio Grande do Sul, e Sorocaba, no interior paulista. Ele foi o caçula da tropa que trouxe das terras gaúchas cerca de 600 muares para serem comercializados no estado paulista. Foram três meses de viagem em pleno inverno. “Não tinha levado muita roupa. O frio era muito forte. Durante as noites dormidas nos acampamentos, os demais faziam a cama em volta da minha para me aquecer.”

A primeira das cinco viagens que realizou de Viamão a Sorocaba foi inesquecível. Logo na primeira vez, recebeu a missão de ser o madrinheiro da tropa. Ele conduzia o cavalo que ia à frente com o cincerro (uma espécie de sino) batendo para orientar a tropa. “As mulas obedeciam ao barulho do sino e me seguiam.” A missão foi tão bem feita que nas outras empreitadas ele continuou no posto.

Propina e fim do ciclo

Ao longo das viagens, o único local fechado em que as tropas dormiam geralmente era uma fazenda em Ponta Grossa. Quando pernoitavam nos acampamentos era crucial manter um peão acordado. “Havia pontos em que os índios nos roubavam enquanto dormíamos. Tinha que manter um fogo alto e bem aceso”, recorda Otávio.

Em um dos pontos um “índio velho” cobrava 2 mil réis para deixar as tropas em paz. “Se a gente não pagava, ele dava um assobio alto e os demais já vinham nos amedrontar.” Para comer, levavam uma cumbuca cheia de paçoca – mistura de carne seca com farinha de mandioca. “Em outros pontos, a gente comia em fazendas. Mas tinha que pagar”, relata.

As tropas ficavam paradas em um mesmo local por 15 dias “porque as mulas não aguentavam”. “A gente também vendia mulas no meio do caminho, como em Ponta Grossa.”

Aos 21 anos, em 1935, Otávio fez sua quinta e última viagem como tropeiro. O comércio de muares em São Paulo já chegava ao fim. Mas como o rapaz parecia ter nascido em cima de um cavalo, continuou conduzindo bois para Mato Grosso Sul e São Paulo até perto dos 70 anos.

Tropeirismo teve quase dois séculos de força econômica

O historiador Arnoldo Monteiro Bach, autor do livro “Tropeiros”, explica que a última Feira de Sorocaba ocorreu em abril de 1897, conforme noticiou o jornal 15 de Novembro de Sorocaba: “Esteve muito animada este ano (1897) a tradicional feira de bestas desta cidade”. No entanto, o comércio de muares continuou até a década de 30. “O muar era o motor da economia brasileira. Quem adquiria um muar tinha um patrimônio, tamanha sua utilidade”, ressalta.

O movimento tropeiro, que começou por volta de 1730, teve seu ápice em 1897. Depois disso o volume de tropas se reduziu, mantendo certa frequência até 1915 e rareando cada vez mais com o passar dos tempos. O caminho Viamão-Sorocaba era a principal rota do tropeirismo.

Bach conta que as mulas eram usadas até como tração de bondes. “Em 1900, a Companhia de Bondes São Cristóvão, do Rio de Janeiro, que atendia a Zona Norte, com 60 quilômetros de extensão de linhas, contava com 150 bondes de diversos tipos, 2 mil animais e 600 empregados.” Com o surgimento dos motores a diesel, os muares perderam terreno para os equipamentos motorizados.

Longas jornadas levando bois para o interior

Em sua casa, batizada de Rancho do Tropeiro Velho, Otávio dos Reis conta que após a última viagem ele começou a vender cavalos pelas regiões Sul e Central do Paraná, passando por Guarapuava e Palmas. Aos 33 anos, mudou-se para uma fazenda de Jacarezinho, no Norte Velho, onde foi capataz e conduziu algumas boiadas. “Mas eram viagens pequenas.”

No entanto, o sangue tropeiro continuava pulsando forte. Otávio tornou-se de fato boiadeiro, conduzindo bois do Paraná até o sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. “Tropeiro e boiadeiro são duas categorias diferentes. Tropeiros vinham do Rio Grande do Sul até São Paulo carregando mulas”, ressalta.

As viagens eram longas e com até 200 bois. Para atravessar o Rio Paraná, era necessário colocar o gado em uma balsa. “Todo o processo para colocar e tirar os bois e atravessar o rio levava perto de duas horas”, relata.

Caminhos

Pedágios cobravam por mulas e cavalos e faziam viajantes desviarem

Otávio Reis, o centenário ex-tropeiro de uma família de origem portuguesa que contava 12 filhos, lembra que uma prática muito comum era realizar rotas em zigue-zague para driblar os pedágios aplicados pelo governo da época. “Para atravessar com as tropas a gente tinha que pagar os postos de registro. Muitas tropas faziam caminho diferente para não precisar pagar”, conta ele.

Os primeiros a pagar taxas a fim de obter autorização para percorrer o Paraná no lombo dos muares foram exatamente os tropeiros. Isso porque o reino português só autorizaria a abertura da Rota dos Tropeiros a partir de 1730 se tivesse lucro. 


Estabeleceram-se, então, postos de registros ao longo do Caminho de Viamão, que ligava o Rio Grande do Sul à paulista Sorocaba. Ao menos três pontos realizavam a cobrança: no Rio Pelotas (entre Santa Catarina e o Rio Grande), nas margens do Rio Iguaçu (perto de Curitiba) e em Sorocaba. Os valores eram basicamente de 2,5 mil réis por muar e 2 mil por cavalo.

Créditos : Chasque de Diego Antoneli. Retrato de Henry Milleo / Jornal Gazeta do Povo – PR


Chasque publicado no Sítio Facebook do viamonense Mário Dutra: https://www.facebook.com/mario.dutra.142.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Momento da Cultura Regional 3! Nove décadas de nascimento de Jayme Caetano Braun


Em 30 de janeiro de 2014 se comemora os 90 anos de nascimento do pajador, poeta e compositor Jayme Caetano Braun, um dos mais consagrados artistas rio-grandenses de todos os tempos. 

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O calor de janeiro de 2014 talvez não seja igual a do mesmo mês no ano de 1924, assim como o mundo não tem o mesmo ritmo. No início do século XX as famílias com certo grau cultural se reúnem nas salas de suas casas para os saraus e recitais e os peões, que forjam suas erudições na lida do campo, no lombo do cavalo e na herança das guerras de fronteira, entoam suas realidades nas penhas com seus pares no interior dos galpões. Jayme Caetano Braun nasce nesta realidade, no dia 30 de janeiro de 1924, na estância Santa Catarina, de propriedade de seus avós maternos, Anibal Caetano e Florinda Ramos Caetano, na localidade de Timbaúva, então 3º distrito de São Luiz Gonzaga, atual município de Bossoroca.

Seu pai, João Aluysio Thiesen Braun, é um respeitado professor descendente de alemães e sua mãe, Euclides Ramos Caetano Braun, de tradicional família pecuarista da região missioneira. O casal Braun reside em São Luiz Gonzaga e dirige-se a estância dos avós paternos durante as férias com o claro objetivo de que o nascimento do seu segundo filho ocorra naquela localidade, aos cuidados de uma parteira chamada Antônia. Depois do resguardo, o casal retorna para São Luiz Gonzaga e Jayme cresce com a realidade do campo e da cidade, numa região em que a mística das Reduções Jesuíticas move o imaginário popular, forjando assim o seu discurso poético.

Segundo Vinícius Ribeiro, artista plástico escultor das duas estátuas do pajador, pesquisador e primo em terceiro grau de Braun, o dom artístico provém da família que lhe viu nascer. “Sua avó materna Florinda Ramos Caetano, irmã do poeta e coronel revolucionário Laurindo Ramos, dominava o verso de improviso e recitava seus poemas no ambiente familiar criando forte estrutura poética que Jayme veio a conviver e herdar mais tarde” afirma Ribeiro.

Em virtude das transferências do professor João Aluysio, o adolescente Jayme mora em Cruz Alta, Passo Fundo e Santa Cruz. Após a morte do professor, a família muda-se para Porto Alegre, mas Jayme resolve retornar ao seu berço de nascimento, passando a residir na fazenda Santa Terezinha, de propriedade de seu tio Danton Vitório Ramos, também na Timbaúva. Casa-se com Nilda Aquino Jardim, com quem tem dois filhos. Mora por um ano na Estância Piraju, de propriedade de seu sogro. Depois se muda para Serrinha, distrito de São Luiz Gonzaga, onde administra um bolicho de campanha por cerca de dois anos, em seguida retorna a São Luiz Gonzaga e de lá, definitivamente para Porto Alegre, onde vive maior parte de sua vida e tem outro filho, num segundo casamento, com Aurora Ramos Braun.

Na capital gaúcha conquista o reconhecimento como homem da palavra, torna-se diretor da Biblioteca Pública (1959-1963), sócio-fundador da Estância da Poesia Crioula, presidente do Conselho Coordenador, que futuramente vem a ser o MTG e Conselheiro de Cultura do Estado. Como locutor de rádio sua atuação provém desde São Luiz Gonzaga, mas em Porto Alegre ganha notoriedade estadual, mantendo por 15 anos o programa Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba AM.

Na Estância da Poesia Crioula realiza diversos estudos sobre a poesia, convive com a elite de poetas crioulos da época e conhece ao poeta uruguaio Sandálio Santos (Nicásio Garcia Beriso), quem lhe ensina a estrutura da Décima Espinela, a qual sustenta a maior parte de sua produção poética escrita e improvisada através da pajada.  Participa do Grupo Os Teatinos, juntamente com Glênio Fagundes, Paulo Fagundes e Marco Aurélio Campos.

Sobrinho do poeta e político Ruy Ramos, também herda deste, além da poesia, o gosto pelas questões sócio-políticas, apesar do seu insucesso nas urnas numa única vez que se candidata a deputado estadual. Por influência deste, participa como pajador de campanhas importantes como as de Getúlio Vargas, Leonel Brizola, Jânio Quadros e outros.

Estas vivências do campo, da cidade, das missões, da política, da região de fronteira e dos meios culturais são formadoras da sua produção artística em seus diversos livros e discos de sucesso. A parceria com seu conterrâneo Noel Guarany lhe dá visibilidade de um resgate extremamente importante que é a valorização da cultura missioneira, na qual se agregam num futuro breve, Cenair Maicá e Pedro Ortaça, entre outros. O canto de rebeldia, sendo a voz calada do índio, o alerta para um patrimônio cultural abandonado e a defesa dos usos e costumes do campo e do bem maior do povo, a liberdade, são seus discursos poéticos preferidos que encontram eco nos anseios de grande parte da população rio-grandense. Estes e outros fatores, associados a sua qualidade poética e inspiração incomparável, lhe outorgam a respeitabilidade como um dos mais importantes poetas do Estado e o patrono do movimento pajadoril brasileiro, tendo sua data de nascimento reconhecida por lei estadual como Dia do Pajador Gaúcho.

O Professor Mosart Pereira Soares ao referir-se ao poeta pajador afirma: “Eu diria que a desenvoltura de Jayme Caetano Braun improvisando participa da natureza do milagre.” E, continua: “O Jayme Caetano Braun foi, até aqui, a maior expressão do improvisador, do pajador, que tivemos. Diante dele não há o que resista. O Jayme Caetano Braun tem uma cultura respeitável e sobretudo um imenso talento.”  O poeta Balbino Marques da Rocha é profético: “Jayme nasceu em São Luiz Gonzaga, mas naquele momento tremeram os alicerces dos quatro pontos cardeais do Rio Grande, porque nascia o grande inimitável payador desta terra, que terá o calendário mudado para antes e depois de Braun.”

Ambos têm razão, Jayme Caetano Braun é reconhecido como um cultor da poesia que transcende o gauchismo e o seu tempo. É nome de CTG na capital federal, de viaduto em Porto Alegre, está imortalizado em estátuas em São Luiz Gonzaga e na capital gaúcha e em praça, em Passo Fundo. É considerado por artistas e públicos de diversas gerações como um prócer da cultura rio-grandense, que deixa discípulos e influencia até hoje a produção artística do Estado. É consagrado nos galpões dos rincões mais ermos do sul do Brasil e nos salões mais nobres da capital, prova disso é que, quando da sua morte, em 08 de julho de 1999, o Salão Negrinho do Pastoreio, do Palácio Piratini, sede do governo estadual, vela respeitosamente seu corpo, na despedida derradeira.

Seus poemas e letras de música permanecem atuais, recitados, lidos e ouvidos nos mais diversos ambientes, inclusive além-fronteiras, respaldando seu sonho de pátria grande através do modus vivendi dos habitantes do sul da América. Suas pajadas continuam inspirando novos pajadores e encantando os admiradores da poesia oral improvisada.

Fonte! Chasque do amigo, jornalista, poeta e pajador Paulo de Freitas Mendonça, publicado no seu sítio no dia 30 de janeiro de 2014. Abra as porteiras clicando em www.paulodefreitasmendonca.blogspot.com.br.

Este chasque levamos pro Momento da Cultura Regional, do programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM 87,9, no dia 1º de fevereiro de 2014.